S4 (10/2022) – Xi Jinping, Bank of America, Core Scientific, Câncer e Blockchain, Ranking Secreto Coingecko
Confira um resumo das principais notícias relacionadas à nova economia descentralizada que aconteceram na Semana 4 de Outubro de 2022.
Terceiro Mandato de Xi Jinping e a fuga da riqueza chinesa
No domingo (23), Xi Jinping consolidou seu legado de poder na China através do Partido Comunista Chinês (PCC) e garantiu mais cinco anos à frente do país, em seu terceiro mandato seguido. Tal fato o transforma no homem mais poderoso e influente que já governou a China desde Mao Tse-Tung (1949-1959).
Xi Jinping assumiu sua atual posição em 2012 e foi reeleito em 2017. Alguns meses após ter sido eleito pela primeira vez, entre 2013 e 2014, o Yuan Chinês (CNY) encerrou um rali de valorização contra o dólar, que vinha desde 2005, marcando um topo (ou fundo, quando olhamos para o par CNY/USD).

“Até que a China prove o contrário, [ela] está efetivamente engajada em uma depreciação controlada”. Brad Setser, Analista CFR, no Twitter.
O que significa que a desvalorização da moeda local ocorre de forma intencional pelo governo de Xi Jinping, segundo o analista. Em 2015, foi observada uma fuga massiva de riqueza do país para territórios vizinhos considerados “paraísos fiscais”, como Hong Kong, Taiwan e Cingapura. Atualmente, Cingapura é o destino preferido de capital que necessita proteção contra as políticas monetárias destrutivas do PCC.
Estima-se que grande parte dessa riqueza saia do país através de criptomoedas como Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH) e Monero (XMR), já que o governo chinês tem um forte domínio sobre bancos e processadores de pagamentos, criando fortes barreiras para remessas internacionais e investimentos off-shore; enquanto também conta com fronteiras fortemente vigiadas, dificultando a saída com bens físicos como ouro e outras commodities.
Leia mais: Riqueza foge da China com terceiro mandato de Xi Jinping
Bank of America acredita na descorrelação entre blockchain e o mercado de ações
O Bank of America (BofA), segunda maior holding bancária dos EUA e quinta maior empresa americana em receitas totais, publicou um relatório sob a autoria de Alkesh Shah, onde se demonstra otimista (bullish) em relação à ativos da indústria blockchain e ao mercado de criptomoedas, enquanto segue pessimista (bearish) em relação ao mercado de ações.
A posição do banco, caso se demonstre como verdadeira no futuro próximo, encerra uma longa jornada de correlação direta entre ambos os mercados de risco. De acordo com o BofA:
“Esperamos que o desenvolvimento de aplicativos blockchain impulsione a divergência de preços de tokens, exibindo um ecossistema crescente de aplicativos Web3 que estão fornecendo funcionalidades reais para o mundo real e capturando parte do mercado tradicional corporativo para superar seu desempenho”.
Shah também aponta para um retorno de correlação entre o Ouro (XAU) e o Bitcoin (BTC), ao mesmo tempo em que ocorre um distanciamento entre BTC e SPX, por exemplo.
Leia mais: Bank of America está bullish em blockchain e bearish em ações
Core Scientific, maior mineradora de bitcoin do mundo, em alerta vermelho
Na quarta-feira (26), a Core Scientific, maior mineradora de bitcoin do mundo por capacidade de produção, enviou um documento à SEC nos EUA comunicando a decisão de se tornar inadimplente para poupar o pouco caixa que lhes resta, em uma tentativa desesperada de evitar a falência completa.
As ações da companhia despencaram mais de 80% durante a semana e a comunidade do Bitcoin segue em estado de alerta, com a possibilidade de uma forte queda de hashrate, ou da aquisição da companhia por alguma de suas concorrentes – o que causaria uma maior centralização na rede proof-of-work.
A Core Scientific vem se desfazendo de seus bitcoins já há alguns meses, ao considerar que seu saldo conhecido em setembro de 2021 era de 1.051 BTC e na quarta-feira possuía apenas 24 BTC.
O alerta vermelho deveria ser encarado com seriedade pela comunidade do maior ativo descentralizado por capitalização de mercado do mundo. Muitos críticos do Bitcoin e defensores de outros projetos descentralizados vêm apontando para as falhas sistêmicas do Bitcoin há tempos, principalmente no que se refere ao seu modelo econômico e de segurança.
Entre as críticas relacionadas ao modelo de segurança, vemos figuras como Peter Todd e Justin Bons destacando pontos sobre a insustentabilidade provocada pela teoria dos jogos do Bitcoin, onde a queda na recompensa dos mineradores coloca a segurança da rede em risco, conforme observado no caso da Core Scientific.
Entre as críticas relacionadas ao modelo econômico, vemos figuras como 0xStacker, destacando as dinâmicas de saída de capital do ecossistema, por conta do alto custo da mineração; além de figuras como Colin LeMahieu, destacando as características de economia de escala causadas pela validação de consenso mediante recebimento de recompensas monetárias diretas – o que pode causar uma centralização gradual nestas redes.
Leia mais: Maior mineradora de Bitcoin do mundo dá calote e sinaliza falência
Blockchain do Ethereum e pesquisas sobre o câncer
O perfil @arigoldnfts (Twitter) publicou uma thread na quarta-feira (26) sobre sua mais recente descoberta a respeito de pesquisas sobre o câncer.
“Eu trabalho em medicina e o Ethereum está sendo usado para curar o câncer (sério).”

A descoberta ocorreu enquanto estava lendo um paper sobre como a inteligência artificial estava sendo utilizada para treinar alguns sistemas na coleta de informações microscópicas sobre células cancerígenas – o que pode possibilitar melhores condições de diagnóstico e tratamento para pacientes com câncer.
A inteligência artificial já vem sendo muito utilizada na medicina há alguns anos, mas a grande inovação neste caso é o método para a coleta, armazenamento e compartilhamento de dados que os pesquisadores escolheram.
Todos estes dados são armazenados em um contrato inteligente (smart contract) construído na blockchain do Ethereum. Desta forma, as informações são coletadas e compartilhadas de forma pública e não-permissionada por nodes de Ethereum; permitindo que qualquer um dos pares conectados à rede consiga contribuir com novas informações e utilizar as informações que outros cadastraram no contrato inteligente, para avançar com suas próprias pesquisas – gerando uma eficiência colaborativa muito superior à tudo o que já havia sido visto anteriormente na medicina.
Ranking oculto do Coingecko pode revelar assimetria entre fundamentos e marketcap
Na sexta-feira (28), o usuário u/lexwolfe (Reddit) publicou um post no r/CryptoCurrency onde conta que descobriu uma métrica escondida dentro da API do Coingecko, chamada de Coingecko Score (CGScore), que avalia e pontua os projetos cripto de acordo com alguns indicadores próprios como: "pontuação de desenvolvimento", "pontuação da comunidade" e "pontuação de interesse público". Entre outros possíveis critérios.
Através do CGScore, a própria API do Coingecko possui também uma classificação interna chamada Coingecko Rank (CGRank), entre os projetos com melhor CGScore, em ordem.
O “OP” então coletou e organizou todos estes dados, resultando em uma tabela completa ordenada por CGRank e realizou a comparação com os rankings atuais de Capitalização de Mercado de cada um destes projetos. Encontrando alguns resultados bem assimétricos, que poderiam indicar, de acordo com os critérios do Coingecko, alguns ativos que estejam sobrevendidos ou sobrecomprados.
Olhando, por exemplo, para o top 50 de CGRank, algumas das maiores discrepâncias ranking estão entre:
#1 Gas (GAS): 534 (MCap) vs 29 (CGRank)
#2 Nano (XNO): 252 (MCap) vs 33 (CGRank)
#3 Status (SNT): 228 (MCap) vs 26 (CGRank)
Leia mais: Coingecko’s Secret Ranking